E que importa a chuva? São só gotas.
Refrescantes que estejam
dum choro longínquo dum céu...
inalcançável às mãos.
E que importa o tom? São só sons.
Reprimentes que estejam
dum canto longínquo dum'alma...
inalcançável às mãos.
E que importa o riso? São só rangidos.
Irrequietos que estejam
dum passado longínquo duma felicidade...
inalcançável às mãos.
E que importa o tempo? São só momentos.
Fugazes que estejam
dum numerário longínquo duma falsa fortuna...
inalcançável às mãos.
No mais e no menos
aqui rezamos
de forma silenciosa - mas comezinha
- Que a alvorada traga a ti - e a mim
aquilo que em nossos serões, encontrar, realmente importa:
Só para raros.
[Entrada ao preço da razão]
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Fumaças Complexas
~~
~~
No começo, tomou um gole amargo de café. Delicioso. Revisitou velhos textos, então somente para reuní-los aos novos. Notou quão empoeirados estavam, com resquícios de um passado encorpado, ora quente, ora esfriado, que não possuía mais mesmo sentido aromático.
Tomou outro gole, olhou o céu, e acendeu seu Punch. Havia envelhecido, como em barril de carvalho, mas, mesmo achando graça no cheiro ocre daqueles feixes de madeira encharcados num assamblage de castas duvidosas, sabia que não avinagraria.
Talvez, magenta ácida, ou então marrom tintura canhestra. Nunca água.
~~
No meio, sorveu um gole seco de vinho. Capcioso. Comparou seus escritos e a evolução de suas conversas à pena. Notou traços de um pessimismo em relação ao passado, e toques de um otimismo em relação ao futuro.
Tomou outro gole, olhou o tráfego, e acendeu seu Esplendido. Havia amadurecido ao fundo daquele destilador laudanário, mas sabia também que o entorno de vida que cercava suas colheres, vasadas, seria mais perfumado.
Talvez, verde letárgico, ou então repulsivo anis. Nunca frutado.
~~
~~
No fim, domou um gole ardente de absinto. Fulguroso. Rasgou seus escritos e a revolução de suas ideias à álcool. Notou que havia futurado ao topo, do fundo da morna xícara que emergira, sabendo que novos tempos de escuridão estariam por vir.
Tomou outro gole, olhou o espelho, e acendeu seu Romeu y Julieta. Havia desenhado um novo céu verdejante, pistacheado, recheado de estrelas de chocolate, gigantes, presente doce e mortal a si mesmo.
Talvez, obnubilado vapor, ou então cremoso vulto. Nunca, mais, claro.
~~
~~
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No começo, tomou um gole amargo de café. Delicioso. Revisitou velhos textos, então somente para reuní-los aos novos. Notou quão empoeirados estavam, com resquícios de um passado encorpado, ora quente, ora esfriado, que não possuía mais mesmo sentido aromático.
Tomou outro gole, olhou o céu, e acendeu seu Punch. Havia envelhecido, como em barril de carvalho, mas, mesmo achando graça no cheiro ocre daqueles feixes de madeira encharcados num assamblage de castas duvidosas, sabia que não avinagraria.
Talvez, magenta ácida, ou então marrom tintura canhestra. Nunca água.
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No meio, sorveu um gole seco de vinho. Capcioso. Comparou seus escritos e a evolução de suas conversas à pena. Notou traços de um pessimismo em relação ao passado, e toques de um otimismo em relação ao futuro.
Tomou outro gole, olhou o tráfego, e acendeu seu Esplendido. Havia amadurecido ao fundo daquele destilador laudanário, mas sabia também que o entorno de vida que cercava suas colheres, vasadas, seria mais perfumado.
Talvez, verde letárgico, ou então repulsivo anis. Nunca frutado.
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No fim, domou um gole ardente de absinto. Fulguroso. Rasgou seus escritos e a revolução de suas ideias à álcool. Notou que havia futurado ao topo, do fundo da morna xícara que emergira, sabendo que novos tempos de escuridão estariam por vir.
Tomou outro gole, olhou o espelho, e acendeu seu Romeu y Julieta. Havia desenhado um novo céu verdejante, pistacheado, recheado de estrelas de chocolate, gigantes, presente doce e mortal a si mesmo.
Talvez, obnubilado vapor, ou então cremoso vulto. Nunca, mais, claro.
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Meu Inverno
Meu inverno chegou
Ah...Que saudades!
Não te culpo pelo frio
Não são tuas as maldades
Agradeço aos grandes ventos
por ter trazido teus perfumes
E te levado para longe
a entorpecer teus vagalumes
Ah, meu inverno...
Meu inverno...
Serás mesmo meu inverno?
Por tanto teimas em nublar
Por quanto o vejo, oh, calor!
Imerso no mais fino torpor...
Ah, o doce inverno...
amargo e terno
[findo e eterno]
É dele o meu desinferno.
É nele onde eu hiberno.
Ah...Que saudades!
Não te culpo pelo frio
Não são tuas as maldades
Agradeço aos grandes ventos
por ter trazido teus perfumes
E te levado para longe
a entorpecer teus vagalumes
Ah, meu inverno...
Meu inverno...
Serás mesmo meu inverno?
Por tanto teimas em nublar
Por quanto o vejo, oh, calor!
Imerso no mais fino torpor...
Ah, o doce inverno...
amargo e terno
[findo e eterno]
É dele o meu desinferno.
É nele onde eu hiberno.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Perfeitos Estranhos
Ah, minha alma, minha alma
Como é difícil ter calma!
Logo eu
Que sempre odiei o tempo
Que vi morrer segundos ao relento
Sorvo agora sua missão
Logo ele mata
Então revive
Logo ele esfria
Então reaquece
Só ele entende
Que quando se esquece
É possível amar de novo
Quão difícil compreender
Que, para amar de novo, descobrir de novo!
Que, para descobrir de novo, desconhecer de novo!
E ele, só ele
Pode nos apresentar
[Da forma mais estranha]
Na mais perfeita conspiração
E uma vez mais
Nos transformar
[Na - mágica - hora]
Naqueles perfeitos estranhos de outrora.
Como é difícil ter calma!
Logo eu
Que sempre odiei o tempo
Que vi morrer segundos ao relento
Sorvo agora sua missão
Logo ele mata
Então revive
Logo ele esfria
Então reaquece
Só ele entende
Que quando se esquece
É possível amar de novo
Quão difícil compreender
Que, para amar de novo, descobrir de novo!
Que, para descobrir de novo, desconhecer de novo!
E ele, só ele
Pode nos apresentar
[Da forma mais estranha]
Na mais perfeita conspiração
E uma vez mais
Nos transformar
[Na - mágica - hora]
Naqueles perfeitos estranhos de outrora.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Prenda Minha
Não te preocupes com minhas saudades
Prenda minha
Tu morreste sim
Com todas tuas verdades
Lenda minha
Te matei decerto
com toda minha vontade
Fenda minha
E assim matei a mim
Para, assim, ver-te nascer
Prenda tua
A assistir de longe
O teu alvorecer
Lenda tua
A tecer com fel
Outra tenaz renda segura
Fenda tua
Saudades de ti, sim
Daquela essência que não morre
[Porque é tu]
Daquela dormência que não cessa
[Porque é tu]
Daquela ardência que não dorme
Porque sou eu.
Porque és tu.
Prenda minha
Tu morreste sim
Com todas tuas verdades
Lenda minha
Te matei decerto
com toda minha vontade
Fenda minha
E assim matei a mim
Para, assim, ver-te nascer
Prenda tua
A assistir de longe
O teu alvorecer
Lenda tua
A tecer com fel
Outra tenaz renda segura
Fenda tua
Saudades de ti, sim
Daquela essência que não morre
[Porque é tu]
Daquela dormência que não cessa
[Porque é tu]
Daquela ardência que não dorme
Porque sou eu.
Porque és tu.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Bossa Parisiense de Daqui Umas Semanas
Havia esquecido de ti em mim.
Quando te esqueceste de ti em mim.
Mas esqueceste de me esquecer em ti.
Mas, então, esqueci.
[E aqui, ici, aquiesci]
E esqueci-me de mim em mim.
E esqueci-te de ti em ti.
Há algum tempo, inda francesava:
"Agora é esquecer de não esquecer.
E não esquecer de esquecer".
Esquecer...
Est-que c´est...?
Quoi?
Qui?
Ih.
Est-que si.
Quando te esqueceste de ti em mim.
Mas esqueceste de me esquecer em ti.
Mas, então, esqueci.
[E aqui, ici, aquiesci]
E esqueci-me de mim em mim.
E esqueci-te de ti em ti.
Há algum tempo, inda francesava:
"Agora é esquecer de não esquecer.
E não esquecer de esquecer".
Esquecer...
Est-que c´est...?
Quoi?
Qui?
Ih.
Est-que si.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Ultrapresente
Dia após dia.
Noite após noite.
Eu o odeio cada vez mais:
"Estou sempre calado...
Sempre tão ultrapassado..."
Mas agora corro.
Só corro.
Só corro.
E em breve.
Num dia breve.
De uma vida breve.
Vencerei este imensíssimo duro muro.
E, finalmente, arrepender-me-ei:
"Estava sempre tão puro...
Sempre tão ultrafuturo..."
Noite após noite.
Eu o odeio cada vez mais:
"Estou sempre calado...
Sempre tão ultrapassado..."
Mas agora corro.
Só corro.
Só corro.
E em breve.
Num dia breve.
De uma vida breve.
Vencerei este imensíssimo duro muro.
E, finalmente, arrepender-me-ei:
"Estava sempre tão puro...
Sempre tão ultrafuturo..."
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
A Estante
E foi assim:
começou uma história de uma forma
incrivelmente corajosa,
e a terminou de uma forma
incrivelmente covarde.
Decidiu queimar seus livros ao invés de guardá-los
na estante.
Tão literata, teve súbito asco de refolhear páginas,
saudar figuras,
revisar capas.
Como se nada houvesse de útil para cultivar.
- O que importa é o presente.
O passado não me importa.
O futuro não me importa - pensou leviana.
Olhou com seus óculos embaçados
para a estante vazia e, feliz, celebrou.
Não juntou traças.
Não juntou poeira.
Não juntou nada.
começou uma história de uma forma
incrivelmente corajosa,
e a terminou de uma forma
incrivelmente covarde.
Decidiu queimar seus livros ao invés de guardá-los
na estante.
Tão literata, teve súbito asco de refolhear páginas,
saudar figuras,
revisar capas.
Como se nada houvesse de útil para cultivar.
- O que importa é o presente.
O passado não me importa.
O futuro não me importa - pensou leviana.
Olhou com seus óculos embaçados
para a estante vazia e, feliz, celebrou.
Não juntou traças.
Não juntou poeira.
Não juntou nada.
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