Só para raros.

[Entrada ao preço da razão]

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Estante

E foi assim:
começou uma história de uma forma
incrivelmente corajosa,
e a terminou de uma forma
incrivelmente covarde.

Decidiu queimar seus livros ao invés de guardá-los
na estante.
Tão literata, teve súbito asco de refolhear páginas,
saudar figuras,
revisar capas.
Como se nada houvesse de útil para cultivar.

- O que importa é o presente.
O passado não me importa.
O futuro não me importa - pensou leviana.

Olhou com seus óculos embaçados
para a estante vazia e, feliz, celebrou.

Não juntou traças.
Não juntou poeira.

Não juntou nada.

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